quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um mundo estranho e uma pequena

Em um mundo tão sei lá, me vejo sem saber em quem confiar ou por onde andar.

Vi um mundo sem esperança, vi um mundo amargo, um mundo descrente, vi um mundo que simplesmente aceita o que vier sendo bom ou ruim, vi um mundo que chora e se fecha as ajudas.

Ouvi pessoas falando absurdos, ouvi quem tentasse e conseguisse ludibriar os outros.

Vi pessoas agredindo a natureza, vi pessoas agredindo os animais, vi pessoas agredindo seus semelhantes.

Fechei os olhos e quis acreditar que o mundo não estava perdido, senti uma lágrima rolar pelo meu rosto, senti a esperança se esvaindo do meu peito. Nesse momento senti uma mão tocar meu rosto e enxugar minhas lágrimas, era uma pequena mão tão suave e a dona dela me disse com a voz mais doce que já ouvi, "Não está perdido" e me sorriu com a ingenuidade que somente uma criança pode ter. Sorri de volta a ela, passei a mão pelos seus cabelos negros como a noite dei um beijo em sua testa e fui dar mais uma volta pelo mundo.

Andei por muito tempo...

Vi uma menina lendo, vi o brilho esperançoso nos olhos de alguns que por mim passaram, vi igrejas de todas as religiões lotadas, vi centros de todas as linhas lotados, vi pessoas agindo como pessoas e não como animais.

Senti um sorriso imenso tomar conta do meu rosto, senti a mesma pequena mão suave nas minhas mãos, me olhou com um sorriso imenso no rosto e disse com a mesma voz suave "Eu não disse?"
Olhei aquela menina tão pequena, como podia ela saber de tanta coisa?, a pergunta veio e foi embora, não me importava saber como ela sabia, importava que ela sabia. Acenei que sim com a cabeça e sorri de volta. Estava prestes a andar quando a menininha disse "Tia, esse mundo é a nossa casa, a gente que tem que cuidar dele."
Fiquei parada olhando a menininha, queria entender como ela estava sempre comigo, como ela parecia saber o que eu pensava sem que eu abrisse a boca, não perguntei nada disso a ela só disse "É, essa é a nossa casa." sorri e ia embora, mas não queria deixa-la sabia que ela ainda podia me ensinar muita coisa e talvez eu pudesse ensina-la algo, sentia que tinha que a proteger, sentia que precisava dela, abaixei-me ficando de sua altura e lhe perguntei "Minha pequena, quer vir andar pelo mundo comigo?" Vi seus olhos brilharem, reluzindo mais do que o sol, a felicidade era quase palpável e ela com a voz mais meiga que já ouvi me disse "Eu posso mesmo, tia?" Não foi preciso mais nenhuma palavra peguei sua pequena mão e nos pusemos a andar.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Seja forte

Era noite, estávamos sentadas a beira da cama, num clima de briga, quem poderia imaginar que o rumo da conversa seria sobre o passado, sobre anos atrás.
Tudo foi dito, todos os mal entendidos, tudo que foi feito e o motivo. Lágrimas rolavam incessantemente dos meus olhos, levei tempo, muito tempo, para me dar conta que ela estava ali comigo, também.
Foram algumas horas, milhares de palavras, poucos gestos e algumas lágrimas, mas aquilo esclarecia tanta coisa. Deu-me um abraço que me encheu de paz, e me disse "quem se esconde atrás de muros, não demonstra o que sente, não é forte, é fraco. Os fortes demonstram, pois demonstrar, sim, é difícil, se esconder é fácil".

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pra ele :D

Vi as lágrimas brotarem no canto dos seus olhos,
as veias do seu pescoço pulsarem.
Tinha mil coisas a te dizer,
mas entendi que o momento era de silêncio,
calei-me e fiquei a te olhar,
simplesmente fiquei ali, ao seu lado, onde sempre disse que estaria,
onde sempre estive e estarei.
( pro meu melhor amigo ! )

domingo, 12 de setembro de 2010

Buraco em meu peito

Acabara de sair de um dos banhos mais demorados que já tivera, chorara mais do que já havia chorado antes, deixando que a água que do chuveiro caia, levasse com ela as lágrimas que do meu olho rolavam. Durante o banho havia pedido perdão por todo mal, por tudo de errado que havia feito, orado de coração, havia sido o meu momento, ainda que possa ser estranho fazer isso durante o banho, havia sido naquele momento em que eu precisara, aquele momento em que realmente queria fazer aquilo.
Estava exausta, já não tinha muitas forças, deitei-me e fechei os olhos e me deixei cair no mais profundo sono.
Não queria acordar, havia achado um jeito de tornar tudo aquilo que era real em irreal, ainda que por alguns instantes. E como eu queria que fosse tudo um sonho, que eu abrisse meus olhos e tudo estivesse no seu exato lugar, e como eu queria voltar no tempo e jamais cometer os erros que cometi e como queria dar o valor que demorei a dar desde o começo.
Não paro de pensar, não paro de me culpar, não paro de sentir.
Há um buraco no meu peito, queimando se abrindo mais e mais, fazendo sangrar e doer. Há um pedaço do meu coração que está contigo. Não, não me devolva não o quero de volta, peço que cuide dele.
Eu hei de me recompor, eu hei de novamente ser forte e mais eu hei de retomar o caminho do qual jamais deveria ter saido. E eu hei de lutar pra ter a ti novamente do meu lado.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dizer

Estava cansada, queria dormir.
Mas me prendeu ali por mais algum tempo, de um jeito indireto, pedindo pra eu ficar e me fazendo querer ficar.
Tenho tantas coisas a serem feitas, mas agora eu preciso gastar um pouco mais de tempo aqui,
com você.
Essa noite, mais uma vez eu preciso reforçar coisas que já não são novidades.
Essa noite, vou te dizer coisas só pelo prazer de as tê-la dito, só pra que tenha o prazer de as ouvir.
E essa noite eu vou te fazer entender que não importa o quanto eu diga, eu sempre terei mais a dizer, ainda que por vezes me torne repetitiva.
Agora, eu preciso novamente dizer-te, pra que entendas, que a distancia já não importa pois o que o coração uni, não há o que separe.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Promessas, dividas eternas.

Uma voz, sussurrou ao meu ouvido...
- Lembra-se de quem prometeu que sempre estaria ao seu lado? Pois bem, olhe ao seu redor, confira se estão por lá...
Olhei ao redor e não vi, não vi os que haviam prometido nunca me abandonar, mas e as promessas feitas a mim de sempre estarem comigo? a voz me conhecia melhor do que eu própria, não precisei emitir som algum a voz retornou, respondendo a própria pergunta.
- Não estão ao seu lado né? Mas você também prometeu estar com eles, e entretanto, não está também, não é mesmo?
Dessa vez fez-se silêncio, a voz esperava uma resposta, mas as lágrimas por alguma estranha razão insistiam em vir à face e os soluços em sua companhia e eu insistia em conte-los formando um nó na garganta que me impedia a fala. Simplesmente fiz um gesto afirmativo com a cabeça.
- Acalme-se minha menina.- dizia a voz numa serenidade invejável – Procure no seu coração, essas pessoas ainda não estão ai? Se lhes procurarem não terá espaço e tempo para elas?
Mais uma vez fiz sinal afirmativo com a cabeça, me acalmando aos poucos, diminuindo o nó que havia se formado em minha garganta.
- Então, minha pequena. Saiba que se houve amor, como foi dito, seja ele qual for que tenha sido, amor de amigo, amor de companheiro e mesmo amor de pais. Sempre haverão de estar juntos e distancia alguma irá mudar isso.
Em meio a soluços e um nó menor na garganta, as palavras foram saindo, aos poucos
- Mas como saberei eu que foi real e não só palavras ao vento?
- Ligue, procure, se lhe cederem um pouco de seu tempo, saberás que foi real.
- Tenho medo de descobrir que nunca foi real. – os soluços ficavam mais fortes.
Nesse momento fechei meus olhos, com uma força extrema jamais feita antes, senti-me sendo abraçada e tendo meus cabelo acariciados, a voz agora sussurrava ao meu ouvido de uma forma tão doce...
- Não tenha medo, minha menina. As pessoas que lhe prometeram e as quais você também prometeu, podem ter a mesma vontade só que tem medo de arriscar, mas se elas arriscassem você não lhes cederia seu tempo?
Emiti um som afirmando que sim, e como garantia de que me entenderia afirmei novamente com a cabeça.
- Então, minha pequena. Vá, faça. E lembre-se não há felicidade que seja eterna, mas alegre-se também não há tristeza que dure pra sempre.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vivendo e aprendendo ...

Abri os olhos e me vi na escuridão. Não conseguia distinguir nada a um palmo do meu próprio nariz, revirei-me procurando uma luz qualquer, ao fazer isso notei que estava amarrada, não sei bem quantas cordas me prendiam, mas eram muitas e quanto mais eu me revirava menos eu sabia o que fazer. Acalmei-me e deixei o silêncio me invadir. Veio-me uma lembrança de um pouco anterior a minha dormência, alguém me dizia para não entrar no tal quarto, pois eu sabia o que me esperava, mas eu estava ansiosa que nem dei ouvidos queria ver o quarto de perto, queria saber como era estar ali... Teimosia..
Reabri os olhos, tudo estava claro e então pude enxergar por uma imensa janela a beleza que estava do lado de fora, a beleza que eu tinha abandonado por motivo algum, olhei de volta para mim e vi que havia muitas cordas e inúmeros nós, pensei no trabalho que me daria desatar nó por nó, estava exausta, mas só de olhar janela a fora me dava um imenso ânimo, comecei a desatar nó por nó, uma ou duas vezes me enrolei mais do que me desenrolei, mas ao final consegui me soltar, me livrar de tudo, todas as cordas, todos os nós.
Procurei incessantemente por uma porta, estava desesperada por retomar a beleza que eu tinha e larguei, demorou, mas eu achei a tal porta, sai quase correndo por ela aspirando toda a beleza que fora dela estava e antes não recebia o devido valor.
Um senhor me esperava a alguns metros da porta e me observava parado, quase como se sorrisse, esperou que eu fizesse tudo que tinha vontade. Quando me dei conta de que ele estava ali parei repentinamente, será que ele havia visto tudo? A quanto tempo ele estava ali? Queria perguntar todas essas coisas pra ele, mas algo me impedia. Ao mesmo tempo em que ele tinha um magnetismo incrível, tinha um poder absurdo de fazer-te ficar calada. Fui me chegando perto dele sem nem ao menos notar, ele me sorriu de leve, não como um velho amigo faz, mas como um observador que diz é eu estou aqui e me disse “Todos somos suficientemente tolos para entrar em situações confusas, ainda que saibamos como elas são, mas só os que têm vontade conseguem dela sair.” As lagrimas me brotaram aos olhos, me arrependia de ter que ter vivido para entender essa lição, aos soluços a palavras foram saindo de minha boca sem que eu tivesse controle “Fui imensamente tola... Jamais deveria ter trocado...” ele não me deixou terminar, abraçou-me tal qual um pai faz e mais uma vez com sua voz firme e serena me disse “Acalma-te minha filha, só passamos pelas coisas que precisamos passar, aprendes-te a lição, siga sua vida, sem jamais olhar para trás.” deu-me um sorriso de paz e foi-se.