quarta-feira, 7 de março de 2012

O teatro da vida

Senhoras e Senhores,
respeitável público.
Apresento-lhes: "Uma peça sem roteiro".

Choros, berros e esperneios.
Um teatro improvisado, cheio de cacos.
Uma peça mais ou menos planejada, mas onde a execução nem sempre segue os planos de seus idealizadores.
Uma peça com mês de estréia, previsto, mas sem data definida para sair de cartaz.
Uma peça que toda noite, algo novo é encenado.
Dizem ser a mesma somente por manter o mesmo nome.

Muitos atores creem no grande jurado, que - ao menos na teoria - estará logo ali na platéia, mas quem há de saber? Está tão escuro.
Independente de crer no tal jurado, damos o nosso melhor, para quem estiver assistindo. Afinal nesta peça uma segunda chance de impressionar, é totalmente impossível. Mesmo os que dizem não se importar com a opinião do tal jurado, ou mesmo dos espectadores, dão o melhor de si. Pois no final esta peça não é pra platéia alguma, é para nós mesmos, os próprios atores.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Minha fuga, particular

"Todas as melhores histórias do mundo, na realidade, nada mais são do que uma única história, a história da fuga é a única coisa que interessa a todos e todo o tempo: como fugir."

Me encontrava tão absorta por aquilo, que podia fantasiar por horas como seria o próximo passo, o próximo ato.
As palavras facilmente tornavam-se cenas em minha mente, que se ocupava de criar tudo ao meu bel prazer, inclusive o que viria a seguir, tentando imaginar o futuro antes que o próprio soubesse o que aconteceria.
Aquilo tornara-se meu mundo, aquela fantasia em que eu comumente mergulhava, a hora que eu desejava, ou assim pensava. Em pouco tempo perdi o controle e passei a me afogar em meus pensamentos, no meio de conversas, no meio de aulas, no meio de filmes, fugia pro meu mundinho onde eu fantasiava o que aconteceria num futuro que nem a mim pertencia.
Parei. Abandonei os livros. Parei de fugir. Retornei a realidade.
Retomei o controle. Voltei a ler.
Tudo ao seu tempo. Tudo em seu lugar. Minha fuga particular sob controle.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Enganávamos-nos

E íamos a torto e a direito nos enganando que nada tínhamos.
Enganávamos-nos, e a mais ninguém.
Lado a lado, mãos dadas e corações colados.
Talvez fosse medo da velocidade com que as coisas se deram,
ou medo do que aquilo nos traria.
Permanecíamos assim, sem nada oficializar,
nos esquecendo que a oficialização é mera formalidade,
vale mais o coração.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Na real

Na real a vida andava tão sem cor, tão sem sal - ou açúcar, como preferir - até encontra-la, na verdade não sei se a encontrei ou ela me encontrou.
Nem sei te dizer se ao encontra-la, me encontrei ou me perdi.
Não importa, nos encontramos, e isso basta.